Quando vi este livro na prateleira da livraria fiquei bastante surpreendido; já há algum tempo que acalentava a esperança de ler a obra prima de Mario Puzo, mas desconhecia que ela estivesse editada em Portugal, pois quando há alguns meses surgiu nos escaparates o “O Padrinho – O Regresso”, que é a sequela por assim dizer, nada apontava para a existência de uma tradução (o que, descobri agora, se deve provavelmente ao facto de os livros terem sido editados por editoras diferentes).
Coloquei-o orgulhosamente na estante, lado a lado com a sua sequela. Porém, na hora de escolher os livros de levar para férias, fiquei um bocado hesitante, pois talvez fosse um bocado pesado arrancar logo com dois livros enormes (que são, não vale a pena negar) focados no mesmo tema: e se fossem ambos uma desilusão?! De qualquer modo, sou um homem de coragem, e decidi arriscar!
E que agradável surpresa foi, inpusilânime leitor! O enredo, embora já seja sobejamente conhecido (o filme acompanha claramente a história do livro) está, arrisco dizer, melhor explicitado do que no filme, sendo apresentada ao leitor de uma forma eficaz toda a teia de ligações que se estabelecem. Existem personagens que recebem mais atenção (como o cantor Fountaine ou a amante do Sonny) e surge também a parte da juventude de Don Vito Corleone (que foi retratada na tela no segundo filme da saga), o que enriquece ainda mais o livro.
Mas, penso que o aspecto que efectivamente me cativou foi a forma soberba como livro e filme se combinam: lê-se o livro e a forma como as personagens são retratadas no filme encaixa-se exactamente como o que é descrito no livro. E não, não me estou apenas a referir à mais do que magnífica interpretação de Marlon Brando! Todas, sem excepção reflectem o que Mario Puzo tinha em mente. Se a isso juntarmos como música de fundo a magnífica banda sonora, temos então uma obra prima dual, que rompe a fronteira da literatura para invadir com sucesso os domínios do cinema!
Conclusão suprema? Este é realmente um livro clássico. Nada há a temer ao lê-lo: personagens fortes, trama bem estudada, ausência de partes relativamente aborrecidas. Obrigatório.